Páginas

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Viva la Vida or Death and All His Friends: Uma nova direção para o Coldplay

Coldplay - Viva la Vida or Death and All His Friends (2008)



Em 2005, o Coldplay lançou X&Y, álbum que recebeu críticas diversificadas e gerou o comentário de que a banda estaria refletindo os efeitos da superexposição na qualidade das suas composições. X&Y foi definido pela Pitchfork como "agradável , mas não memorável", afirmação válida quando se tem em mãos um trabalho que soa como uma regressão em relação aos predecessores.
Três anos depois, a banda voltaria a ser aclamada pelo lançamento de Viva la Vida or Death and All His Friends, um álbum que se tornou o marco de uma profunda mudança sonora e estética no trabalho do quarteto inglês liderado por Chris Martin.
A influência da música e da cultura geral dos países hispânicos, o envolvimento dos consagrados Markus Dravs, que trabalhara com artistas como Björk e Arcade Fire anteriormente, e Brian Eno, conhecido pela habilidade magistral para compôr música ambiente, deram resultado ao álbum que levaria o Coldplay a uma direção diferente daquela que o grupo estava seguindo desde Parachutes (2000).
Viva la Vida or Death and All His Friends é um álbum épico sobre amor, paz, guerra e liberdade, o que refletiu na escolha do quadro "Liberdade Guiando o Povo", do pintor francês Eugène Delacroix, como ilustração da capa. O quadro "Viva la Vida", da mexicana Frida Kahlo, serviu como inspiração para o nome do quarto álbum de estúdio do Coldplay.
A música ambiental de Brian Eno aparece logo na introdução. Life in Technicolor é uma ensolarada faixa instrumental que consiste basicamente em uma melodia tocada em Yangqin, um instrumento originalmente do  Oriente Médio que se tornou essencial na música tradicional chinesa.
Uma Londres medieval, sombria e seguidora de uma religião fundamentada em mitos é descrita em Cemeteries of London, canção fortemente influenciada pela música folclórica espanhola.
Lost é uma balada motivante tocada em órgão de igreja e ornada de forma exótica por ritmos tribais e palmas. A letra foi definida pela BBC como sendo uma mistura de insegurança e determinação, o que é frequente nas composições de Chris Martin.
Fugindo da característica estrutura das canções do Coldplay, 42 é uma faixa sem refrão dividida em três seções diferentes que evolui de uma sonoridade simplista à puro êxtase.
Em Lovers in Japan, o Coldplay flerta com a característica música de estádio do U2, obviamente por influência do produtor Brian Eno. A musicalidade ambiental típica de Brian aparece também em Reign of Love.
Se Yes é uma visita à sonoridade oblíqua do Velvet Underground em Venus in Furs, as guitarras reverberantes e os vocais minimalistas de Chinese Sleep Chant soam como um cortejo ao experimentalismo de bandas como Sonic Youth e My Blood Valentine no início dos anos 90.
Viva la Vida é uma faixa geralmente interpretada de formas divergentes, repleta de referências bíblicas e históricas. Aqui, Chris Martin aparentemente assume a figura de um monarca paranoico deposto do trono. 
O videoclipe de Viva la Vida se tornou o mais visto da história do Youtube, com mais de 50 milhões de reproduções no mundo todo. Uma segunda versão também foi lançada junto com esta primeira, na qual o "rei"  Chris Martin aparece carregando o quadro "A Liberdade Guiando o Povo" através da Inglaterra como em uma peregrinação, usando a ideia do videoclipe de Enjoy The Silence do Depeche Mode.
Violet Hill é considerada como sendo a primeira canção com uma temática anti-guerra do Coldplay. O ritmo quase militar da faixa reforça esta ideia. O nome Violet Hill foi tomado de uma rua londrina próxima à Abbey Road, conhecida por ser um lugar de culto ao Beatles.
Strawberry Swing é uma canção iluminada com ritmos psicodélicos e ornada por uma pungente sinfonia. O videoclipe gravado em stop motion confere a estética artística adotada pela banda em Viva la Vida or Death and All His Friends.
A faixa de encerramento soa como um extasiante hino de renúncia à guerra. Death and All His Friends tem forte potencial para balançar (e emocionar) estádios assim como City of Blinding Lights, do U2.
O quarto álbum do Coldplay se tornou o mais vendido no ano de seu lançamento e foi o ganhador de um Grammy Award na categoria Melhor Álbum de Rock de 2008, o que soa como superficial quando o que temos aqui é uma banda mudando bruscamente de uma sonoridade já característica para algo totalmente diferenciado em termos de abordagem, ritmo e timbres vocais.
Alguns meses depois o álbum foi relançado junto com o EP Prospekt's March, que trazia uma versão estendida e com vocais de Life In Technicolor. A canção foi lançada como single.
Viva la Vida or Death and All His Friends é, como o título sugere, uma exaltação à vida, exalando otimismo por todos os poros. Um álbum fortemente impressivo e definitivo para a história do Coldplay.





Download: Megaupload 

Nenhum comentário:

Postar um comentário