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sábado, 30 de julho de 2011

Fever to Tell: O Punk é uma arte

Yeah Yeah Yeahs - Fever to Tell (2003)




O Yeah Yeah Yeahs deve grande parte da sua visibilidade à personalidade excêntrica de Karen O. O gosto particular pela moda, a fobia ao público, e as performances raivosas, o que inclui  beber e cuspir cerveja sob o palco atraíram a atenção para a banda tão rapidamente quanto Fever to Tell se tornou alvo de aclamação pela crítica.
O ritmo criado pela banda, que funde a sonoridade suja do punk dos anos 70 à uma batida dançante, faz deste álbum não só um manifesto de rebeldia adolescente, mas também o berço do nascimento de um estilo musical cheio de referências e ainda assim inovador.
É impossível não traçar um paralelo entre Fever to Tell Juju(1981), álbum da banda Siouxsie & The Banshees, começando pelas semelhanças vocais de Karen e Siouxsie, que chegam a ser assustadoras.
Juju também forja a união entre a sonoridade punk e os ritmos eletrônicos resultando em um trabalho cheio de experimentalismo e exotismo.
Rich, faixa de abertura de Fever to Tell, é um misto de eletro com punk que merece destaque. O feminismo pontiagudo característico de Karen O aparece impiedoso logo de início: "Tão convencido. Queria que você me pegasse de jeito". 
Os gritos estridentes da vocalista em Date With The Night deixam clara a razão pelo qual o termo "barulhento" é frequentemente atribuído ao álbum.
"Eu tenho um homem que faz o demônio empalidecer". Mais uma vez o feminismo desenfreado de Karen. O nome da música: Man. É necessária alguma explicação mais detalhada?
Tick é essencialmente punk. Sem adornos. Para completar esta seção de puro punk: Black Tongue, a faixa mais obscena do Yeah Yeah Yeahs.
Pin foi lançada como single mas não obteve uma boa repercussão nas paradas musicais. É a primeira faixa de Fever to Tell mais voltada para o pop. Um dos melhores momentos do álbum.
É impossível não se deixar levar pelo ritmo hipnótico de Cold Light. Dançante e cheia de energia.
No No No é outro momento brilhante de Fever to Tell. A sonoridade mutante aliada a uma letra cheia de lirismo fazem deste momento um dos mais emotivos do álbum.
O momento mais gratificante do álbum é, sem dúvida alguma, quando entramos na atmosfera quase minimalista de Maps. A música, aparentemente um pedido de Karen O ao líder do Liars para que não se fosse da sua vida, aparece em praticamente todas as listas de melhores dos anos 2000. Na lista feita pela revista Rolling Stone com as 500 Melhores Músicas de Todos os Tempos, Maps aparece em 386º lugar.
 O nome Y Control faz referência ao cromossomo Y masculino. Tendo uma abordagem semelhante à de Maps, contribuiu na divulgação de Fever to Tell, sendo lançada como single. O videoclipe causou polêmica: crianças carregam um cão morto e se auto mutilam .
Modern Romance é mais uma pérola emotiva depois das guitarras nervosas que permeiam boa parte do álbum.
Fever to Tell foi nomeado a um Grammy na categoria Melhor Álbum de Música Alternativa e veio a  aparecer nas revistas Rolling Stone, Pitchfork Media e New Music Express como 28º, 24º e 5º melhor álbum da década, respectivamente.
Nunca anteriormente uma banda havia sido tão bem sucedida fundindo a agressividade punk à uma atmosfera melancolicamente bela como o Yeah Yeah Yeahs em seu álbum de estréia.



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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Parachutes: Surge o Coldplay

Coldplay - Parachutes (2000)



O Coldplay acertou em cheio ao escolher Yellow como música promocional de Parachutes. Não há nada de especial na letra da canção além da inocência de uma banda emergente e do romantismo ingênuo de Chris Martin, mas o impacto emocional causado pela melodia  inconstante e hipnótica da música é instantâneo.
Talvez esta seja a razão de Yellow ter levado a banda ao topo do rock britânico, que na última década havia pertencido ao Oasis e ao Radiohead. Anteriormente, o Coldplay havia lançado três EPs sem obter repercussão, até que o produtor musical Ken Nelson percebeu que a banda tinha algo especial. 
Don't Panic, faixa de abertura de Parachutes, traz uma letra contraditória. Apesar do refrão "nós vivemos num mundo lindo", a música faz referências à fuga e à decadência social.  Foi lançada como quarto single em alguns países da Europa.
Não. Shiver não é apenas influenciada pelo trabalho de Jeff Buckley. Como o próprio Chris Martin admitiria mais tarde Shiver é "uma tentativa (descarada, diga-se de passagem) de fazer algo como Jeff Buckley". E basta o vocalista entrar na linha "did you want me to change" para confirmarmos tal declaração. A canção ainda é uma das preferidas pelo público em performances ao vivo. Descontraída e iluminada, teve uma boa repercussão nas paradas musicais do ano.
Spies traz uma mensagem semelhante à de Don't Panic. É uma canção sobre ter de estar fugindo o tempo todo com a sensação de estar sendo observado. A atmosfera criada pelas distorções na guitarra fazem de Spies o momento mais sombrio de Parachutes. 
Sparks é absolutamente entediante. Ainda assim, a voz sem muito ornamento e quase sussurrada de Chris Martin torna-a adorável.
Talvez tenha sido por causa de Trouble que o termo piano rock tenha sido atribuído de imediato à banda iniciante. A letra sobre estar magoando alguém que se gosta muito aliada a melodia quase minimalista da canção é sublime. Trouble foi lançado como terceiro single do álbum e alcançou a posição de número dez nas paradas musicais do Reino Unido.
Depois da faixa título, um curto interlúdio, entramos na atmosfera de mais uma canção sobre fuga: High Speed, seguida de We Never Change, com suas belíssimas mudanças de tempo. 
Com um riff de guitarra impecável, Everything's Not Lost caberia perfeitamente como faixa de encerramento de Parachutes, o que fica a cargo de Life is for Living, mais uma faixa na qual Chris se desculpa por te errado.
O vocalista do Coldplay já declarou sentir uma certa aversão em relação à Parachutes, mas o álbum foi devidamente reconhecido, ganhando um Grammy de Melhor Álbum de Música Alternativa em 2002 e um Brit Award de Melhor Álbum Britânico de 2001. Na lista dos mais vendidos no Reino Unido do Século 21, Parachutes aparece em 12º lugar. 
Admirável para uma banda com "algo especial".




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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Kid A: Um eco dos anos 2000

Radiohead - Kid A (2000)




Para livrar-se da pressão exercida pelo público que esperava ansiosamente pelo sucessor do histórico Ok Computer (1997), o Radiohead resolveu lançar um EP na tentativa de acalmar os nervos dos fãs e da crítica.
Airbag/How am I driving? (1998), que trazia B-sides do lançamento recente, serviu apenas para aumentar as especulações acerca de um novo álbum.
Quando Kid A finalmente veio ao público, as reações foram diversas: enquanto alguns imploravam pela volta das guitarras nas músicas da banda, outros consideraram o álbum imediatamente como revolucionário e definitivo na história da música.
A ideia de focar prioritariamente nas texturas sonoras não é inovadora: nos anos 90, DJ Shadow havia lançado um álbum basicamente instrumental e inteiramente sampleado. Os gigantes do U2 também fizeram história ao expressar o conceito de Pós-Modernismo no altamente experimental Achtung Baby (1991).
Kid A mudou o conceito de que o Radiohead era uma banda fadada a hinos do rock. Diferente dos trabalhos anteriores do grupo, este álbum é minimalista e abstrato, influência da música ouvida pelos membros da banda neste período: o krautrok alemão, IDM (música inteligente para dançar), jazz e música clássica do século 20.
Apesar de não ter dado origem à single ou videoclipe, Kid A ganhou um Grammy na categoria Melhor Álbum Alternativo e foi nomeado na categoria Álbum do Ano. Na lista dos melhores álbuns da década feita pela revista Rolling Stone, o álbum aparece em primeiro lugar.
Everything in Its Right Place é ainda citado por Thom Yorke como single principal, apesar deste não ter sido lançado fisicamente. Nas primeiras notas de piano elétrico processado por programas de computador a banda já deixa clara a proposta deste novo trabalho: Kid A não é um álbum convencional. Soa como se o Radiohead estivesse ironizando sobre o apocalipse. Os responsáveis pela produção de Vanilla sky, filme cult de thriller psicológico lançado em 2001, entenderam a mensagem da banda: Everything in Its Right Place aparece como parte da trilha sonora e pouco antes de uma cena chocante de acidente de carro o protagonista pergunta à acompanhante, enquanto escolhe uma música: "Radiohead?".
A faixa título, cheia de experimentalismo, inicia como sendo uma canção de ninar. O uso das Ondas Martenot, equipamento para distorção de voz criado no final do século 20 faz de Kid A o trabalho mais singular do Radiohead até então.
Em The National Anthem, lembramos que na banda ainda existe um baixista. Depois do surrealismo meditativo de Everything in Its Right Place e Kid A, entramos na faixa mais pesada do álbum. A sonoridade caótica criada por metais faz desta faixa algo complemente imprescindível em um álbum com uma proposta inovadora como este.
Thom York já se referiu à How to Disappear Completely como sendo a melhor composição do Radiohead. A mensagem niilista da música reflete o estado de espírito do vocalista nesta época: "Eu não estou aqui. Isto não está acontecendo". Os arranjos de cordas e metais aliados à letra quase perturbadora fazem de How to Disappear Completely superiormente depressiva em relação à No Surprises.
Depois de um interlúdio que remete à bandas experimentais de música eletrônica como a alemã Tangerine Dream, Optimistic faz uma análise social com uma visão absolutamente negativa: "Os peixes maiores comem os pequenos".
Em In Limbo, entramos em um uma atmosfera cheia de murmúrios sobre estar perdido. É a faixa mais indigerível para os que esperavam algo que seguisse o conceito musical característico da banda em Kid A.
Idioteque é imediatamente impactante. Com samples de Mild und Liese e Short Piece, músicas feitas de modo experimental em computador nos anos 70 por Paul Lansky e Arthur Kreiger, respectivamente, a faixa faz referências à guerras, mudanças climáticas e do impacto da era da tecnologia.
Depois de todas as reflexões sobre o caos num mundo em um início de milênio, entramos em uma faixa definitivamente triste. Motion Picture Soundtrack, que foi escrita logo depois de Creep(1992)aborda não só o termo "pós-modernidade", mas também faz referência à uma possível segunda chance. É impossível não se emocionar com as últimas palavras de Thom Yorke em Kid A: "Eu verei você na próxima vida".
Kid A foi uma mudança de rumo para o Radiohead. A partir daqui, muito do trabalho da banda seria descrito como experimental. As canções que ficaram fora do álbum seriam lançadas no ano seguinte em Amnesiac
O Radiohead conseguiu captar a sensação de estar entrando no desconhecido de uma forma jamais vista e Kid A não tardou muito a ser usado como referência na música minimalista e experimental, tendo aparecido na maior parte das listas de melhores álbuns dos anos 2000. Absolutamente indispensável.




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domingo, 24 de julho de 2011

A curta, porém notável, carreira de Amy Winehouse

Amy Winehouse: Surge uma voz 



O flerte de Amy Winehouse com a música começou ainda na infância. Em uma localidade ao norte de Londres, Amy Winehouse cresceu ouvindo Madonna e, por influência do pai, tinha como ídolo o cantor de jazz e blues Frank Sinatra. Aos dez anos de idade, ela passaria a fazer parte de um grupo de rap que existiu por pouco tempo chamado Sweet ‘n’ Sour. Mas seria aos vinte anos de idade que o talento de Amy Winehouse seria reconhecido, tornando-a de imediato um ídolo de culto dos anos 2000.
Primeiramente, o impacto visual: maquiagem pesada, tatuagens e um penteado remetendo ao início da década de 60 voltaram à moda por influência do estilo da cantora.






Frank (2003)





Intitulado Frank, o primeiro álbum da cantora obviamente ganhou este nome devido à sua admiração por Frank Sinatra, apesar da especulação de que a escolha do título tenha a ver  com o cachorro de Amy, este também chamado Frank. De uma honestidade brutal, o álbum, que traz uma deliciosa fusão de jazz, blues e soul, foi indicado à dois Brit Awards e a um Mercury Music Prize e rendeu à Amy um Ivo Novello Award na categoria Melhor Música Contemporânea por Stronger Than Me, primeiro single do álbum. 
Stronger Than Me traz uma postura feminina crítica e irônica em relação ao universo masculino. Nesta faixa Amy reclama sobre ter de estar tomando o controle o tempo todo em uma relação amorosa. A faixa ganhou destaque principalmente nas paradas musicais da Inglaterra.
Em You Sent Me Flying a cantora apresenta pensamentos contraditórios: "Embora o meu orgulho não seja fácil de perturbar, você conseguiu me derrubar quando me chutou pra escanteio": diz uma Amy apaixonada, mas ainda assim dona de um ego inabalável.
Cherry é como uma segunda parte de You Sent Me Flying. Desta vez, porém, o ego torna-se uma pílula de sarcasmo: "agora tenho uma nova melhor amiga, com uma bagagem que envergonharia você. Cherry é o nome dela" canta Amy referindo-se ao seu...novo violão! Impiedosamente genial!
A próxima faixa, Fuck Me Pumps é igualmente sarcástica. No entanto, agora o alvo das alfinetadas são as mulheres que fingem moralidade.
I Heard Love is Blind é uma faixa ambígua sobre traição. É quase impossível decifrar se temos aqui uma canção romântica ou uma declaração irônica. Já a letra de (There´s No) Greater Love parece ter sido recortada de uma carta de amor e colada sobre uma música simples da Amy.
In My Bed traz uma sonoridade relativamente exótica, contendo samples da música Made You Look do rapper americano Nas. Um dos melhores momentos de Frank.
Take the Box é igualmente fascinante. Nesta faixa, a cantora, usando ao máximo sua habilidade narrativa, se despede de um relacionamento.
Em Help Yourself, a Amy sarcástica mostra-se complacente com os erros masculinos: "Eu não posso te ajudar se você não se ajudar", diz ela como querendo compreender a mente dos homens.
Amy, Amy, Amy é uma faixa um tanto quanto filosófica acerca do próprio trabalho da cantora: "Abusando da energia criativa todas minhas letras ficam inutilizáveis". Mais uma vez a sinceridade escancarada de Amy chega a chocar.
A consagração de Amy Winehouse viria três anos mais tarde com Back to Black, mas certamente Frank, um álbum cheio de inspiração, ainda há de influenciar muito na música contemporânea.





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Back To Black (2006)




É impossível não deixar-se ser seduzido pela capacidade de Amy Winehouse de misturar estilos musicais com história já consolidada e ainda assim surpreender pela originalidade.
Back To Black está mais orientado para o pop quando comparado à Frank, mas as raízes de Amy continuam ali, intactas. O álbum consagrou a cantora imediatamente como dona de uma das vozes mais imponentes de todos os tempos, obtendo uma visibilidade assustadora fora da Inglaterra e ganhando um Grammy na categoria Melhor Álbum de Pop Vocal. Também foi indicado a um Grammy na categoria Melhor Álbum do Ano e ao Mercury Music Prize. No ranking dos 100 Melhores Álbuns da Década 2000-2009 pela Rolling Stone, Back To Black aparece em vigésimo lugar.
Rehab, primeiro single e faixa de abertura do ábum, é uma balada soul nada convencional sobre negar-se a ir para a reabilitação. Altamente biográfica, ganhou em três (!!!) categorias do Grammy Award: Gravação do Ano, Som do Ano e Melhor Performance Pop de Vocalista Feminina. A letra serviria por definir exatamente a imagem passada por Amy neste período: "É, eu estive meio caída, mas quando eu voltar vocês vão saber...". A exposição da vida particular da cantora aumentara com o sucesso e o uso abusivo de drogas tornara-se conhecido pelo público. Agora ela era conhecida não só pelo talento, mas também pelas atitudes polêmicas, o que inclui gafes em cima do palco devido ao consumo de álcool e agressões. 
Em You Know I'm Not Good, Amy recorre a um tema já abordado em Frank: a traição. A faixa traz um dos melhores momentos da carreira de Amy: uma atmosfera muito singular voltada ao ska criada pelos metais. Não poderia ser melhor.
Me & Mr Jones é uma faixa tipicamente romântica de Amy, trazendo nome de locais frequentados por ela em uma narrativa quase familiar.
Depois de Just Friends, mais uma faixa guiada pelo ritmo e pela harmonia do ska, chegamos a Back To Black, uma das canções mais emblemáticas de Amy Winehouse. É quase impossível imaginar a carreira de Amy sem Back To Black. O videoclipe, todo em preto e branco e mostrando cenas de um velório define a aura da canção. Aqui, Amy aparece desolada, chorando pelas perdas e pelas decepções. Esta mesma mulher que sofre conclui em Love is a Losing Game, uma de suas canções mais desoladoras: "O amor é uma aposta perdida".
Com vocais sampleados de Marvin Gaye e Tammy Terrel, dois ídolos de Amy Winehouse, Tears Dry On Their Own é uma faixa que recorre a um tema freqüente das suas composições: a despedida. Mais tarde a cantora iria experimentar a decepção mais uma vez: o polêmico relacionamento com Blake Fielder-Civil, coadjuvante dos escândalos de Amy, chegaria em breve ao fim, levando-a a depressão e a uma série de declarações que se tornariam um prato cheio aos tablóide: "Eu ainda amo o Blake e eu quero que ele se mude comigo para minha nova casa. Eu não vou deixar ele se divorciar de mim": disse ela em entrevista.
Em Wake Up, Amy mostra-se mais uma vez desolada, solitária. Já Some Unholy War é uma faixa sem ressentimentos: " Sim, meu homem está lutando em uma guerra pagã. E eu estarei ao seu lado".
Depois da faixa repleta de sentimento He Can Only Hold Her, entramos na quase insana Addicted, uma canção sobre aquilo que estava destruindo Amy Winehouse: o vício. Além das referências ao uso de drogas, Addicted é verbalmente vulgar. Polêmica, assim como a vida da cantora nesta altura.
A turnê do aclamado Back To Black foi interrompida em meados de Agosto de 2007 devido à problemas de saúde de Amy relacionados ao abuso das drogas, entre elas a cocaína, o ecstasy e a heroína. Mais tarde, iria cair na internet um vídeo que registrava um momento no qual a cantora fumava crack.
No final de 2007, saiu uma versão de luxo do álbum Back To Black, que trazia covers, demos e performances ao vivo.
O segundo álbum de Amy Winehouse fez com que o reconhecimento pelo trabalho de revitalização do jazz e do soul se tornasse aclamação pela originalidade e pela influência. Não demoraria muito para que a cantora passasse a ser usada como referência.






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Incostâncias e morte
Depois de uma série de escândalos públicos, Amy Winehouse foi, por recomendação do pai, para uma clínica de reabilitação em Santa Lúcia. No entanto, foi flagrada bêbada várias vezes pelos paparazzi. Em uma entrevista de 2010, a cantora declarou que estava livre das drogas há três anos. No ano seguinte, passaria uma semana em uma clínica de tratamento para saúde mental.
Em 23 de Julho de 2011, duas ambulâncias foram chamadas em Camden, Londres, para socorrer uma mulher aparentemente desmaiada. Amy Winehouse foi encontrada morta em sua casa aparentemente por uma overdose. Segundo conhecidos, a cantora havia comprado um coquetel de drogas ao deixar um pub que costumava frequentar em Londres.




Legado
Não há como não fazer comparações entre Amy Winehouse e outros grandes nomes da música que coincidentemente vieram a falecer aos 27 anos de idade. Assim como a cantora, Janis Joplin, Jim Morrison, Jimmy Hendrix e Kurt Cobain tiveram vidas conturbadas, repletas de momentos polêmicos e eram usuários de drogas pesadas.
E assim como estes artistas consagrados, a curta carreira de Amy Winehouse tornou-a um mito recente, tendo chamado atenção e ganhado a admiração do público não só pelo talento musical, mas também pela postura imponente. 
Amy Winehouse foi a maior responsável pela revolução retrô dos anos 2000, na qual artistas emergentes trazem para sua música a influência e a sonoridade de artistas dos anos 50 aos anos 80 que até então eram consideradas ultrapassadas. Ela imortalizou-se de uma forma triste, mas felizmente viveu o suficiente para compartilhar sua habilidade de transformar sentimento em música com o mundo e se tornar o maior ícone pós-anos 90. Ela é eterna.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Adele: A voz do ano

Adele - 21 (2011)

 


21 foi inspirado por uma situação semelhante à de 19 (2008): o fim de um relacionamento. Aqui, o R&B flui rapidamente ao pop, com nuances de música country e indie-rock. O título do álbum sugere uma Adele mais madura. E que maturidade! Nenhuma cantora solo, desde o furacão Amy Winehouse, havia causado tanto furor na mídia. 21 tem quebrado recordes de artistas consagrados como Madonna e (pasmem!) dos insuperáveis Beatles.
O segundo álbum da cantora inglesa é seco, sem muito glamour, sem uso de sintetizadores, o que torna o álbum incrivelmente orgânico.
O destaque vai para a faixa de abertura. Rolling in the Deep foi escrita logo após o rompimento de Adele com seu namorado, o que explica sua letra forte: "Você vai me pagar na mesma moeda e colher o que plantou" diz ela como querendo vingança. 
Rumor has it parece ter sido composta pelo Gossip. É a música mais agitada de 21, indo do pop alternativo ao soul em segundos. Então entramos em Turning Tables. Aqui, a Adele que está sofrendo reconhece que precisa deixar todas estas inconstâncias para trás. 
Este sentimento de redenção se perde em Don't you remember: "Quando vou vê-lo novamente?".  
A faixa Set Fire to the Rain tem uma levada mais pop em relação ao restante do álbum. Com uma letra que exprime certo grau de devaneio, é uma das canções mais belas da cantora, ao lado de One and Only, que traz um dos riffs de piano mais emotivos de 21. 
No ano de 1989, a banda The Cure lançou o épico Disintegration, do qual saiu o single Lovesong.
A faixa é um presente de casamento do vocalista Robert Smith à sua eterna namorada Mary Poole. Em 21, Adele faz uma uma revisita à esta eterna ode ao amor reconstruindo-a sobre uma sonoridade levemente abrasileirada. Muitos cantores equivocam-se ao regravar clássicos, no entanto, Lovesong mostra-se aqui como um dos momentos mais admiráveis da inglesa.
Se Rolling in the Deep é cercado por uma aura de vingança, Someone like You traz um sentimento oposto. Esta é uma faixa de despedida: "Não se preocupe, eu vou encontrar alguém como você.
Eu desejo nada menos que o melhor para vocês dois": diz Adele em uma das declarações mais sinceras do álbum. 
Em Hiding my Heart,a cantora faz da canção de Brandi Carlile um breve resumo de sua recente decepção. Nos últimos segundos de 21, a mulher que foi iludida e as vezes agiu equivocadamente declara: "Então eu vou passar a vida inteira escondendo meu coração. Mas eu sei que não posso passar a vida toda escondendo meu coração".
As melodias cheias de dor de 21, aliadas a uma voz poderosa, consagraram Adele de forma imediata como uma das melhores cantoras desta nova década.






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terça-feira, 19 de julho de 2011

Funeral: Sobre as perdas familiares

Arcade Fire - Funeral (2004)


Funeral é um álbum sobre tudo aquilo que é transitório. Os membros da banda estreante haviam sofrido perdas familiares recentes, o que veio a refletir na temática do primeiro trabalho de estúdio. No entanto, o álbum traz uma visão otimista,e não depressiva, da morte. Aqui, ao invés das lamentações em relação às perdas, há uma revisita aos bons momentos da vida.
Neighborhood #1 (Tunnels)  é uma faixa de abertura que cresce de modo impactante. Com uma letra sobre mudanças na forma de relacionamento ao longo dos anos, a canção ganha uma sonoridade dançante enquanto evolui.
Neighborhood #2 (Laïka), por sua vez, é uma canção sobre acontecimentos passados presenciados pelos parentes dos membros da banda. Curiosidade: Laika é o nome de uma cachorra enviado ao espaço pela Rússia durante a Corrida Espacial. Sem dúvida alguma um grandes destaques de Funeral.
Une Année Sans Lumière é uma das únicas faixas que, a princípio, foge da regra de que este não seria um álbum triste. Mais uma vez, no entanto, a música evolui para uma sonoridade mais dançante. Neste mesmo clima agitado entramos em Neighborhood #3 (Power Out).
Neighborhood #4 (7 Kettles) traz uma das melhores linhas do álbum: "O tempo vai rastejando pela vizinhança.
Matando velhos amigos e acordando bebês.." A canção começa com uma atmosfera minimalista criada por intrumentos de corda e se mostra como uma das faixas mais sensíveis do álbum. 
Entramos então na canção sobre amar e perdoar as falhas Crown Of Love, outro grande destaque, e com uma das melhores letras de Funeral.
Wake Up foi a música que deu merecido reconhecimento ao Arcade Fire. Não só pela exposição por parte da mídia esta canção foi rapidamente rotulada como cult: o camaleão do rock David Bowie juntou-se à banda para uma performance ao vivo em 2005.
Haiti é um protesto às condições sociais do país subdesenvolvido do qual os pais da vocalista e multi-instrumentista Régine Chassagne emigraram.
Rebellion (Lies) é mais uma das faixas de Funeral que futuramente tornaria-se uma das mais conhecidas. A letra sobre o pessimismo alheio é uma convite para acreditar em si mesmo. Magnífica.
In the Backseat mantém esta mensagem de "levante-se e faça" da faixa anterior. É sobre deixar de depender dos outros. Apesar das perdas, não há outra forma senão seguir em frente usando seus próprios meios. Letra digna de um álbum com o nome Funeral.
Instantaneamente, este álbum tornou-se clássico, aparecendo em praticamente todas as listas de melhores da música alternativa do ano de 2004.
Não só pela aclamação de músicos consagrados o Arcade Fire conquistou seu espaço: as letras com aura de poesia fundidas à sonoridade retrô com nuances barrocas fazem da banda, definitivamente, uma das bandas mais singulares dos anos 2000.



segunda-feira, 18 de julho de 2011

Vespertine: O interior de Bjork

Björk - Vespertine (2001)


Depois da fusão da música eletrônica com instrumentos de corda de Homogenic (1997), Björk viria a ser protagonista do filme Dançando no Escuro (Dancer in the Dark). Na película, a artista viveu Selma, uma mãe solteira que luta para livrar seu filho da cegueira hereditária da qual ela mesma já não pode se curar. 
A experiência, indubitavelmente, influenciou em seu trabalho posterior Vespertine. Se Homogenic é um álbum sobre sensações exteriores, Vespertine é o oposto disso. "É sobre o que acontece sob minha pele" diria Björk em entrevista durante a divulgação do projeto.
Hidden Place, faixa de abertura, deixa clara a atmosfera que permeia o álbum: hermética e cheia de simbolismos. É uma canção sobre dividir-se com alguém.
Este clima de intimidade e compartilhamento de segredos se mantém em Cocoon: uma faixa cheia de referências à sexo explícito cantada de forma sussurrada.  O videoclipe de Cocoon traz fitas saindo dos mamilos de uma Björk aparentemente nua. Por fim, a cantora acaba enrolada em um casulo. O videoclipe causou polêmica junto ao vídeo de Pagan Poetry.
Pagan Poetry foi banido das emissoras de televisão devido ao forte conteúdo erótico apresentado. Relações sexuais entre Björk e seu marido foram digitalizadas e ganharam um aspecto abstrato. Registros visuais de penetração e felação são intercaladas com flashes de pérolas sendo costuradas na pele. A sensualidade feminina, o erotismo, são aqui apresentados de uma forma perturbadora, mas ainda assim belíssima.
Uma paisagem islandesa surge em Aurora. Simples, no entanto uma das canções mais expressivas da cantora.
A descrição de sensações que remetem à intimidade segue em An Echo, A Stain, mas é em Sun in my Mouth que estas descrições mais uma vez podem vir a ser inquietantes, assim como no videoclipe de Pagan Poetry: " Nas curvas dormentes do meu corpo enfiarei os dedos com macia maestria... Desvendarei os segredos de minha carne".
Harm of Will é, no princípio fria, mas cresce a ponto de nos recompensar com um dos momentos mais sublimes de Vespertine.
A notável contribuição do coro da Catedral de São Paulo faz de Unison um final absolutamente brilhante.
Depois de incontáveis reviews positivos de Vespertine, só há uma falha imperdoável: a não inclusão da faixa Verandi no setlist. A canção, que tem grandes similaridades com o single Pagan Poetry, só viria a aparecer como b-side no CD Single Cocoon.
Uma dica valiosa: vale muito a pena conferir o registro da turnê de divulgação de Vespertine, que fora lançado no formato de DVD com o nome Live at Royal Opera House.




Ys: O maravilhoso folk moderno de Joanna Newsom

Joanna Newsom - Ys (2006)


Em 2004, uma coletânea de Devendra Banhart que traz os principais representantes da música folk contemporânea trouxe à mídia o trabalho único e por vezes exótico de uma cantora com uma voz muito singular: Joanna Newsom.
Entrando em contato com o estudo da harpa e do piano ainda na infância, Joanna foi absorvendo influências e acumulando experiência que depois refletiriam em sua brilhante carreira.
O exotismo da harpista começa no fato de que seu primeiro EP tenha sido gravado em um gravador de brinquedo da Fisher-Price.
A visibilidade de The Milk-Eyed Mender (2004), seu primeiro álbum de estúdio (que viria a aparecer em muitas das listas de "melhores do ano de 2004"), deve muito à Banhart. 
Mas foi Ys (2006) o trabalho que consolidou esta multi-instrumentista com um timbre infantil e por esta razão as vezes cômico como uma das cantoras mais expressivas do novo milênio.
Desta vez ela não está só. Em quatro das cinco faixas do álbum há acompanhamento de orquestra, liderada por Van Dyke Parks. A idéia da possível colaboração de Parks partiu de Joanna, depois desta ter ouvido Song Cycle (1968), uma mistura de folk psicodélico e música experimental que deu notoriedade ao músico ainda nos anos 60, apesar de ter falhado comercialmente.
Emily , nome da irmã de Joanna e faixa de abertura de Ys, se desenvolve como uma narrativa elíptica cheia de empatia envolvendo lições sobre astronomia. Uma ode à família cheia de nostalgia que viria a ficar em #6 na lista das melhores canções de 2006 segundo a Pitchfork. 
Monkey & Bear surge como uma canção medieval, seguida por Sawdust & Diamonds, única faixa do álbum sem participação de orquestra.
Os exatos dezesseis minutos e cinquenta e três segundos de Only Skin podem levar os ouvintes de primeira viagem à exaustão. Chegamos então à faixa de encerramento Cosmia, uma canção sobre a ausência e sobre a espera que encantaria mesmo aos desavisados. 
O gosto de Joanna por palavras inusitadas em suas composições, como por exemplo "hidrofalítico" e "estupefato", torna a experiência ainda mais encantadora.
A crítica vem tentado, em vão, incluir Joanna Newsom em um estilo musical definitivo. A única verdade é: ela está aqui para ficar.






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sábado, 16 de julho de 2011

The King of Limbs: Uma reação à In Rainbows

Radiohead - The King Of Limbs (2011)


Três anos após o lançamento de In Rainbows (2007), um álbum que modificou a maneira de divulgação no meio musical (você escolhia o preço pelo qual gostaria de baixá-lo no site), a banda Radiohead anunciou que estava no processo de finalização de um novo trabalho.
The King Of  Limbs não é um álbum imediato como o antecessor. Aqui, as faixas se complementam, dando continuidade uma à outra. 
O uso de meios diferenciados pela banda para a divulgação de seu trabalho não se resume à In Rainbows: The King Of Limbs foi transformado em um jornal. The Universal Sight traz poesia, letras e pequenas histórias escritas pelo artista plástico Stanley Donwood, que vem colaborando com a banda desde os anos 90, quando produziu a capa do histórico The Bends (1995).
A escolha de Lotus Flower como primeiro single pode não ter ajudado no desempenho do álbum. O videoclipe, em preto-e-branco, traz Thom Yorke fazendo uma dança que fez com que as atenções se voltassem mais para as paródias inspiradas por ele.
Bloom, a faixa de abertura, dá a impressão de ser uma meditação flutuando sobre uma textura atmosférica criada pelos sintetizadores e pela bateria num ritmo quase que militar. A letra é de um lirismo surreal que remete à Weird Fishes (In Rainbows). Apenas em Kid A (2000) e The Bends as faixas de abertura foram tão impactantes e definiram tão bem o restante do álbum quanto Bloom em The King Of Limbs.
No período pré-King Of Limbs, Thom Yorke passou uma temporada no Brasil, o que parece ter influenciado nos ritmos quase nordestinos de MornigMr.Magpie e Littlebylittle.
Feral é uma faixa instrumental que poderia se encaixar facilmente na tracklist de Kid A ou Amnesiac (2001), apesar do excesso na parte da percussão.
Remetendo à excelente piano-balada de In Rainbows Videotape, Codex é uma faixa de um minimalismo por vezes dolorido. Após a parte cantada, sobre um mesmo riff de piano, os sintetizador dão à Codex um final magistral, novamente trazendo à tona a atmosfera de Kid A.
Nesta mesma linha de sonoridades simples e minimalistas entramos em Give Up The Ghost, uma faixa com ar de complemento à Codex. Igualmente fascinante.
A faixa de encerramento do álbum traz, mais uma vez, a sensação de que nada é imediato. Separator vai crescendo num ritmo que nos prende. Há uma parte da letra no qual Thom Yorke diz: "se você pensa que acabou, está muito enganado". Um aviso de que teria mais alguma novidade em breve: dois meses após o lançamento de King Of Limbs, a banda liberou um EP com duas faixas inéditas. 
O oitavo álbum do Radiohead é o mais curto dentre todos os outros, com pouco mais de meia hora de duração. Porém, basta ouvi-lo para perceber que a duração não tem relação alguma com desgaste na força de criação ou inovação por parte da banda. 
Com certeza um dos melhores de 2011.








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sexta-feira, 15 de julho de 2011

A Rush of Blood to the Head

Coldplay - A Rush of Blood to the Head (2002)


Uma semana depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001, a banda Coldplay voltou ao estúdio e começou a trabalhar em A Rush of Blood to the Head. O nome do álbum reflete seu espírito: remete as decisões/atitudes tomadas equivocadamente. 
A primeira faixa a ser gravada para este novo trabalho, In My Place fala sobre o estado da banda à esta altura: um período no qual não se sabe para onde está indo. A capa, talvez uma das mais emblemáticas da primeira década dos anos 2000, é resultado de um erro de escaneamento.
Politik, primeira faixa de A Rush of Blood to the Head, traz uma urgência característica do restante do álbum. The Cientist, uma balada de piano sobre desculpa, tornou-se imediatamente clássica, e seu videoclipe, uma narração reversa, ganhou três MTV Music Awards. A exposição midiática de Clocks também contribuiu para o sucesso do álbum. A faixa, construída em cima de um riff de piano que cria uma atmosfera quase que minimalista, foi usada como trilha para vários filmes, comerciais e programas de TV.
Green Eyes remete à Yellow. Uma faixa sobre amor, típica do Coldplay
Devido à recomendação de Ian Mcculloch, vocalista do Echo & the Bunnymen, a banda resolveu acrescentar ao álbum uma faixa em ritmo 1-2-3. Segundo Ian, a audição poderia tornar-se difícil na ausência de uma faixa mais agitada.
A música-título do álbum é de uma urgência por vezes dolorida. A letra, que traz todo aquele sentimento já comentado sobre "agir de forma equivocada", é um dos melhores trabalhos da banda: "..vou comprar uma arma e começar uma guerra, se você puder me dizer algo pelo qual valha a pena lutar."
Não à toa, A Rush of Blood to the Head foi incluído na lista dos 500 Melhores Álbuns de Todos os Tempos da conceituada revista Rolling Stone.




quinta-feira, 14 de julho de 2011

Medúlla: Uma idéia excêntrica e um resultado fantástico.

Björk - Medúlla (2004)





Desde a época do Sugarcubes, Björk tinha em mente a possível realização de um projeto no qual todas as músicas fossem construídas apenas com vocais humanos. Depois do elogiado Vespertine (2001), um álbum recheado de coros celestiais, sons de caixa de música e harpa, a islandesa voltou à estúdio convicta de que chegara o momento da realização de Medúlla, sem dúvida alguma seu mais impressionante trabalho.
Já na primeira faixa percebemos que o foco do álbum está, além do trabalho com as vozes, na estrutura musical. Björk já declarou em entrevistas temer que o álbum soasse demasiadamente monótono. Se todas as faixas tivessem semelhanças com Show me forgiveness, certamente o medo da artista se tornaria fato. No entanto, a letra acaba por tornar a canção deliciosamente delicada. 
Where's the line é uma das faixas que fez com que o termo "crítica-social" fosse associado ao álbum. A propósito, Medúlla é considerado como o trabalho com maior conteúdo político da artista até o momento. Vökuró traz uma letra que nos faz lembrar do lirismo de Vespertine. Primeira faixa cantada em islandês, parece ter sido composta com o sentimento de "minha raízes ainda estão aqui". A Björk que fora influênciada pela música brasileira e pela tecnologia em trabalhos anteriores agora canta sobre a sua terra natal, não deixando de lado a crítica: "Longe desperta o grande mundo, furioso e com um encanto severo". 
Não só pela excentricidade de seu videoclipe, Who is it tornou-se uma das canções mais conhecidas da islandesa. Desta vez, na letra sobre o comportamento humano, Björk expressa indulgência, o que parece controvérsia quando comparada a letra forte de Human Behaviour, do seu primeiro trabalho como cantora solo Debut (1993). Desta vez ela diz: somos todos humanos, e as vezes erramos. 
Descrever Submarine é como falar sobre a sensação de estar no útero materno. A cantora já declarou que esta faixa tem uma forte ligação com a gravidez de sua primeira filha, Ísadóra.
Desired Constellation é uma faixa com vocais esparsos, novamente carregada de crítica social. 
Aí chegamos à Oceania, escrita especialmente para a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Atenas de 2004. Magnífico é o adjetivo mais cabível. O que poderíamos esperar de uma faixa tendo como temática a Mãe Oceania? 
Excentricidade sempre foi uma palavra facilmente relacionada à Björk. O que dizer de Ancestors, uma faixa totalmente construída usando uma técnica vocal inuíte que tem como base o uso da garganta para o canto?
Depois da beleza de Mouth's Cradle, chegamos à Triumph of a Heart, terceiro single de Medúlla. Com um videoclipe descontraído, esta é uma das faixas mais recompensadoras do álbum. Aos dois minutos e vinte e três segundos, a faixa ganha uma atmosfera de beleza inacreditável. 
Medúlla foi indicado para dois Grammy: Melhor Performance de Vocalista Pop Feminina e Melhor Álbum de Música Alternativa. Também atingiu o topo de várias paradas musicais apesar da proposta radicalmente alternativa.
Poucos artistas conseguiram ser tão originais e realizar trabalhos tão impressiontes como este nos anos 2000.




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