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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Vespertine: O interior de Bjork

Björk - Vespertine (2001)


Depois da fusão da música eletrônica com instrumentos de corda de Homogenic (1997), Björk viria a ser protagonista do filme Dançando no Escuro (Dancer in the Dark). Na película, a artista viveu Selma, uma mãe solteira que luta para livrar seu filho da cegueira hereditária da qual ela mesma já não pode se curar. 
A experiência, indubitavelmente, influenciou em seu trabalho posterior Vespertine. Se Homogenic é um álbum sobre sensações exteriores, Vespertine é o oposto disso. "É sobre o que acontece sob minha pele" diria Björk em entrevista durante a divulgação do projeto.
Hidden Place, faixa de abertura, deixa clara a atmosfera que permeia o álbum: hermética e cheia de simbolismos. É uma canção sobre dividir-se com alguém.
Este clima de intimidade e compartilhamento de segredos se mantém em Cocoon: uma faixa cheia de referências à sexo explícito cantada de forma sussurrada.  O videoclipe de Cocoon traz fitas saindo dos mamilos de uma Björk aparentemente nua. Por fim, a cantora acaba enrolada em um casulo. O videoclipe causou polêmica junto ao vídeo de Pagan Poetry.
Pagan Poetry foi banido das emissoras de televisão devido ao forte conteúdo erótico apresentado. Relações sexuais entre Björk e seu marido foram digitalizadas e ganharam um aspecto abstrato. Registros visuais de penetração e felação são intercaladas com flashes de pérolas sendo costuradas na pele. A sensualidade feminina, o erotismo, são aqui apresentados de uma forma perturbadora, mas ainda assim belíssima.
Uma paisagem islandesa surge em Aurora. Simples, no entanto uma das canções mais expressivas da cantora.
A descrição de sensações que remetem à intimidade segue em An Echo, A Stain, mas é em Sun in my Mouth que estas descrições mais uma vez podem vir a ser inquietantes, assim como no videoclipe de Pagan Poetry: " Nas curvas dormentes do meu corpo enfiarei os dedos com macia maestria... Desvendarei os segredos de minha carne".
Harm of Will é, no princípio fria, mas cresce a ponto de nos recompensar com um dos momentos mais sublimes de Vespertine.
A notável contribuição do coro da Catedral de São Paulo faz de Unison um final absolutamente brilhante.
Depois de incontáveis reviews positivos de Vespertine, só há uma falha imperdoável: a não inclusão da faixa Verandi no setlist. A canção, que tem grandes similaridades com o single Pagan Poetry, só viria a aparecer como b-side no CD Single Cocoon.
Uma dica valiosa: vale muito a pena conferir o registro da turnê de divulgação de Vespertine, que fora lançado no formato de DVD com o nome Live at Royal Opera House.




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